Acho bárbara a maneira como as novas ferramentas comunicacionais romperam as fronteiras geográficas, sou usuária dos recursos tecnológicos e até me aventuro, humildemente, a manifestar as minhas ideias nesse blog. No entanto, acho que nada supera ver fotografias impressas no papel, olhar nos olhos e compartilhar a intimidade com aqueles que realmente merecem o nosso voto de confiança e, nesse sentido, surpreende-me o fato de como as pessoas se revelam nesses sites e, mais ainda, a necessidade de expor as coisas mais cotidianas, transformando-as em acontecimentos “importantíssimos”.
sábado, 19 de março de 2011
Espelho, espelho meu
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Ser ou não ser, eis a questão
Pois bem, durante a conversa sobre a tal fórmula mágica não nos demos conta de que uma mulher nos observava. Eu explicava que o fato de ter um marido parceiro, que divide as tarefas ajuda, embora, a carga em cima da mulher ainda seja bem maior, o que, no meu caso, custa boas sessões de terapia para falar do assunto. A minha amiga então me inquiriu: - E quem cozinha na sua casa? Falei que almoçávamos fora todos os dias, mas que quando recebemos alguém, é ele quem assume as panelas, já que na cozinha, só sei ferver água e no microondas! Em seguida, ela me perguntou: - E quem lava as roupas? A máquina, respondi de pronto. Finalmente ela me questionou: - E as roupas, quem passa? Ora, eu passo as minhas e ele as deles, falei.
Nesse momento a mulher que mencionei acima, com a propriedade de quem estava extremamente atenta ao que dizíamos, interrompeu e disse: - E afinal, vocês dormem juntos? Fiquei tão indignada, não só com a intromissão dela, ouvindo e palpitando no assunto alheio, mas, e sobretudo, com o fato de, em pleno século XXI, convivermos com mulheres que acreditam que o real valor feminino se resume aos afazeres domésticos. Ora, em qual cartilha está escrito que cuidar da casa e da família é responsabilidade apenas da mulher?
Estudamos, trabalhamos, vamos ao salão e à academia, educamos os filhos, dedicamos tempo aos nossos pais e demais familiares, damos conselhos para as amigas, sabemos de cor a data de aniversário de todos os parentes e colegas de trabalho (e compramos lembrancinhas para todos, o que é pior!) e ainda somos julgadas pelo fato de que, em alguns momentos da rotina doméstica, propomos a divisão das tarefas? E o pior de tudo é que, em muitos dos casos, são as próprias mulheres que nos julgam, a ponto de achar que somos menos mulheres por causa disso. Como se para ser mulher temos que passar o dia varrendo casa, lavando cuecas e engomando as camisas do marido.
Não tenho a menor pretensão de ser feminista e levantar bandeiras, até mesmo porque respeito muito as mulheres que cuidam da casa com esmero e abnegação, mas acredito que o real mérito das pessoas, independente do gênero, está na realização de cada um de nós e a minha, sinceramente, está no fato de constituir uma família e cuidar dela, mas, igualmente, construir uma carreira sólida, trabalhando com ética e responsabilidade.
Mas, voltando a cena inicial, respondi (furiosa, diga-se de passagem) a nova interlocutora da seguinte forma: - É claro que dormimos na mesma cama, até mesmo porque meu marido não casou-se com a empregada! Neste momento, para arrematar a “comédia da vida privada”, eis que surge o meu marido e diz que só estava me esperando para irmos encontrar dois casais de amigos em um restaurante muito bacana, pois, afinal, não era justo eu passar o dia estudando e ele ficar se divertindo. Lasquei-lhe um beijo e quase sugeri que ela aproveitasse o fato de estar na faculdade para ter umas aulinhas de modernidade com o meu marido.